Em 13 de julho de 2023 eu defendi minha tese de doutorado "A poética selvagem de Sérgio Medeiros" que vai buscar trazer para o leitor um pouco sobre desse poeta que alia uma simplicidade na apresentação e uma complexidade de compreensão, segue um pouco mais no resumo de minha tese:
O
poeta Sérgio Medeiros é natural de Bela Vista, cidade de Mato Grosso do Sul, que
fica na fronteira entre Brasil e Paraguai. Suas obras evidenciam a cultura
ameríndia[1]
e questionam os limites entre humanos e não humanos, a partir de traços,
palavras e imagens.[2]
A poética de Sérgio Medeiros, mesmo com a possibilidade de ser lida à luz dos
pressupostos postulados pela ecocrítica, apresenta aspectos singulares que vão
além de uma leitura mais tradicional dessa corrente teórico-metodológica. Essa singularidade se constitui na conjunção que
o poeta faz da tradição indígena, ecológica e ambiental a experimentalismos
formais, como a escrita assêmica, a fim de tensionar categorias como humano,
animal e vegetal. Uma obra povoada por muitos
seres e espécies diversos, enfim, cruzamentos que permitem orientações
conceituais em muitas direções. Para esta pesquisa, vamos nos valer dos estudos
da ecocrítica, do pensamento vegetal, do animismo, do perspectivismo ameríndio e
da sabedoria de povos originários para partilhar conosco a leitura da poética
visual de Sérgio Medeiros. Interessa-nos as produções em livros físicos, bem
como as realizadas no blog do poeta
[1] Utilizei, no decorrer da Tese, a denominação
ameríndio(a) por dialogar com as proposições teóricas de Viveiros de Castro,
que faz uso de tal terminologia, embora esteja ciente de que alguns teóricos
entendem que esse termo não é o mais apropriado para discutir as questões
ligadas aos povos originários, tanto que alguns optam por usar perspectivismo
indígena.
[2] A capa desta tese é o poema visual de
Sérgio Medeiros – “A Memória das folhas”. Nossa inspiração se deu a partir do
número 31 da revista Criação & Crítica da USP, que traz a obra de Sérgio
Medeiros – “Massa nebulosa: homenagem a L. Wittgenstein.” A capa da revista
poder ser acessada em:
https://www.revistas.usp.br/criacaoecritica/issue/archive.